Quanto mais eu corria, mais eu lembrava. Era algo aterrorizante, dentro de mim eu sentia o coração pulsar rapidamente, sem eu estar com medo, ou nervosa. As lembranças iam fluindo. Era rápido demais, como se eu estivesse passando por um portal dos sonhos. Achei estranho, pois vestia vestidos totalmente diferentes da época que eu estava. Vestidos com mangas bufantes, cheios de pano, porém lindos. Não sabia onde iria parar, depois dessa correria. No alto de um morro, havia uma árvore, e era para lá que eu me dirigia. O lugar era lindo, não se podia definir como o paraíso, porque era um pouco inferior, mas era aconchegante. Corria entre girassóis enormes, o pasto verde, as vacas ruminando, os coelhos saltitando, as arvores falavam comigo, o sol irradiante em meu rosto, tudo era belo. Na arvore algo me chamou a atenção, alguém de longe me chamava. Não podia descreve-lo, estava longe demais.Resolvi ver quem era, desci o morro. Cheguei perto de um rapaz muito lindo, e era dali que vinha a voz que me chamava. Ele sorriu, como se já me conhecesse, porém para mim, eu nunca o tinha visto. Me conduziu a um lugar conhecido, mas estranho. Ele me abraçava, fazia graças, brincava com minhas mãos estrelaçadas na dele. Era divertido, eu estava feliz, mas não conhecia nada por ali. De repente algo encostou em meus lábios, ele estava me beijando. Eu o afastei de mim, não podia, não devia, nem o conhecia. Ele se contraiu, mas deu belas gargalhadas, e voltou a me beijar. Desta vez eu deixei. O beijo foi de forma tão esplendida que não seria tão facil descrever. Percebi que na minha mão esquerda havia um anel, com pedras miudas, mas muito brilhantes. Olhei rapidamente na mão daquele rapaz, e vi que havia o mesmo anel,e na mesma mão. Não podia acreditar. Será que eramos casados? Obviamente que sim. Ele me conduziu, para dentro da casa, e eu ia espantada, com tanta limpeza e móveis antigos, mas lindos. A casa era constituida por três quartos com três camas (uma de casal e duas de solteiro); dois banheiros; uma cozinha; uma sala; e uma enorme varanda. Da onde eu pude observar duas crianças lindas brincando. A cada lugar conhecia mais e mais pessoas. Essas crianças vieram em minha direção e me abraçaram de forma afetuosa. Não pude deixar de lhes retribuir, pois algo em meu coração falava mais alto. Voltei para dentro de casa, tentando descobrir algo. Havia muitos retratos, alguns pendurados, outros sob a estante. Alguns havia um casal, saindo da porta da igreja felizes, outros continham fotos de duas pessoas mais novas, outros meu e das pessoas que acabava de conhecer, na foto pareciamos uma familia feliz. Algo mecheu comigo, quando eu fui na cozinha. O rapaz me chamou de amor, as crianças me chamaram de mãe. Não podia acreditar, aquilo devia ser um lindo sonho. Mas não era. Aquele era todo o meu futuro, aquele era o meu destino, eu poderia muda-lo, de acordo com as atitudes e decisões que tomaria. Mas eu não iria muda-lo. Aquele era o mais lindo e esplendido futuro. Resolvi voltar para onde havia começado tudo aquilo. Agora eu percebia que a arvore era um portal. E eu deveria voltar porque algo de lá me chamava. Era um jovem rapaz, que eu havia conhecido a uns três meses na minha vida real, e não no meu futuro. Ele era realmente lindo, e eu percebi que ele era o mesmo que aquele que me beijou. E era com ele que eu ia ficar por toda a minha vida. Era com ele que eu ia ser feliz.
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