segunda-feira, 26 de abril de 2010

Romance assombrado



Havia me mudado para Manhattan a pouco tempo, estava fazendo um intercâmbio que conseqüentemente deveria trabalhar em um bar como zelador. Pegava ônibus e ia para a pensão. Fazia meu serviço bem feito, limpava o bar, e quando terminava ia direto pra casa. Era um trabalho árdua, mas também bem remunerado, principalmente pra mim que morava sozinho. Resolvi me mudar para o bar, porque ia gastar menos, não precisaria pegar o tumulto dos ônibus. Havia um cômodo em cima do bar, já que era propriedade de lá, não gastaria com aluguel. 
Certo dia altas horas da noite e chovendo muito, uma moça de lá seus 20 anos chegou ao local, mas eu estranhei, pois me lembrava bem de que havia trancado as portas, ela veio pedir abrigo, toda ensopada pela chuva, com frio. Eu me compadecendo da moça lhe dei alguns lençóis, cobertores e um colchão velho. Eu não disse nada a ela, só lhe entreguei o que ela precisava.  E ela também nada disse. Logo em seguida fui dormir. No outro dia, lá pelas sete horas acordei, estava um belo dia nublado, não muito frio, mas de repente senti um arrepio. Fui fazer café no bar, e quando cheguei lá, tudo estava em perfeita ordem, o colchão num canto, os lençóis dobrados, as cobertas também, e um bilhete, que dizia : ''John volto em breve...''. Mas como ela sabia meu nome, tentava lembrar se a conhecia de algum lugar, se já teria atendido ela aqui no bar, tentava buscar memórias minuciosamente em minha mente, mas nada encontrei, era estranho aquilo acontecer, porque não havia lhe dito meu nome, afinal nem tinha falado com ela direito.  Outra coisa que também achei estranho, foi que nem os lençóis, nem as cobertas estavam úmidas, e deveriam estar, pois ela estava encharcada de água ontem a noite. Deixei aquelas bobeiras de lado na minha mente. 
Terminando a noite seguinte, dei uma pequena ajeitada no bar, e fui constatar as portas estavam trancadas, e estavam. E quando voltei, lá estava ela, pedindo abrigo novamente. Eu e ela não conversamos nem tocamos em assunto nenhum, fiz o mesmo que a noite passada, lhe entreguei o que ela precisava e fui dormir. Só que desta vez era eu que não conseguia dormir, algo me dizia que tudo isso estava errado, era tão sinistro. Acordei morrendo de frio, apesar de estar um pouco sol la fora. Fui direto á cozinha, mas ela já se fora e o interessante é que as mesas e as cadeiras estavam todas encostadas nas paredes, deixando um grande espaço vazio no meio.  Fui ver o que era, tinha trigo espalhado pelo chão inteiro, com letras gigantes, e naquela ''carta'' dizia : '' Querido John, há muito tempo atrás também trabalhei nesse bar, e eu sempre ia pra casa á espera do grande amor da minha vida, uma coisa que na minha vida nunca encontrei. Morri a espera dele chegar. Quando chegava em casa queria ver o meu amor, e logo ir correndo o abraçar, mas isso nunca aconteceu. Até que um certo dia voltando pra casa, fui obrigada ficar com um bêbado. Mas eu tentei fugir, e ele me matou... E agora querido John, vi que você é verdadeiramente o meu grande amor, aquele que eu queria encontrar quando chegasse em casa, e eu estou te amando mais a cada dia...''. Isso era mais sinistro do que eu imaginava, como alguém já morto poderia se paixonar por um ser vivo com eu ? Ela queria a mim, ela me amava. E agora eu não sabia se morreria por ela, ou se conviveria com esse amor tão impossivel e irreal.

Ps.: Não me lembro, qual foi o título que dei ao meu texto. Esse foi um concurso da Capricho, era pra escrever um romance assombrado, e eu criei essa história, só que não ganhei :( . 
Espero que gostem, beijinhos ;*

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